segunda-feira, 24 de maio de 2010

Eu acho que vi um gatinho


A janela da minha sala dá para os fundos de um prédio. O quintal está completamente abandonado e creio que os inquilinos nem têm como entrar no local. A única parte coberta tem um colchão velho que foi largado ali, junto com um estrado de madeira, e uma bicicleta enferrujada. Na lateral do prédio, há uma rua de estacionamento. O quintal é separado dessa rua por uma cerca de arame e muitas árvores (ou melhor, mato).

Em um dia super frio e chuvoso de janeiro quando olho pela janela, vejo algo preto no colchão. Será? Não pode ser. Será mesmo um gato? Nossa, se mexeu, é um gato. Coitadinho! Tá muito frio!


Lá fui eu me lançar na chuva para ver se tinha alguma maneira de eu ver ele pela cerca. Nem pensar, o mato tapa tudo. Fui no mercado e comprei ração e um cobertor. Mas como vou colocar lá? Toquei nas campainhas dos dois apartamentos do prédio. Finalmente alguém me atendeu. Um casal idoso chinês. Tentei explicar bem devagar em inglês que queria acessar o pátio para alimentar o gatinho e colocar o cobertor para ele, mas eles não me entenderam. Pedi desculpas e voltei para casa.

Liguei para Vigilância Sanitária para saber se eles resgatariam o gatinho para levar para a SPCA. Não. Eles apenas resgatam cães, mas gatos só se eu pegasse, aí sim eles viriam. Expliquei que não tinha como. A pessoa me sugeriu tentar jogar a ração. A distância da minha janela era muito longe.

Voltei para a lateral do prédio e vi que na parte debaixo da cerca havia uma fresta e ali eu poderia colocar a ração. Despejei ali. Mais tarde vi o gatinho indo em direção aquela parte da cerca. Bom, fiquei mais aliviada. Pelo menos ia comer.

No dia seguinte, por volta das 16h, vejo pela janela um carro estacionar bem ali. Uma senhora abrir o porta-malas e pegar um pote e uma garrafa d'água. Abri minha janela e a chamei. Com o sotaque forte russo consegui entender que ela vem todo o dia alimentar o gato e depois vai para outros cantos da cidade onde há outros felinos. Ela pediu para eu não me preocupar que ela vem sempre e que a ração que ela coloca é boa para ele, que ela é voluntária da SPCA, etc. Pediu só para eu avisar se aparecerem outros gatos ou até filhotes.

Mais frio, mais chuva vieram. O gato? Engordando, a coisa mais linda. Quando finalmente saía um pouco de sol, ele sobia no estrado de madeira, que estava encostado na parede do prédio para alcançar os raios. 


No dia que teve uma chuva de pedra super forte por volta das 2h acordei super preocupada com ele. Parecia que a minha janela ia quebrar, então como será que ele estava? Peguei minha lanterna e apontei em direção ao quintal. Consegui ver o brilho dos olhos dele, certamente preocupado com aquela chuva pesada. Deu para perceber que ele havia se abrigado atrás do estrado de madeira, ficando entre ele e a parede.


Finalmente, a primavera veio e, ao contrário de 2009, sem serração e sem frio. Muito sol... alguns dias, ele até deita no chão porque acho que o colchão deve ficar muito quente no sol.



O curioso é que ele NÃO SAI do quintal. Gatos geralmente andam, pricipalmente de noite. Esse tá sempre ali. Até de noite. Já cuidei várias vezes e com a luz da lanterna vejo os olhinhos dele. Não sei porque esse comportamento. Talvez seja castrado? Velhinho? Ou talvez ele pense que se ele sair dali pra dar uma volta outro gato pode roubar a caminha dele. Afinal, ele chegou ali primeiro. :)  

Um comentário:

  1. Querido! Amo gatos e bichos em geral! Bom saber que também tem gente cuidando deles...
    Parabéns pela iniciativa Marcelinha!
    Bjão

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